Elena
Costa era uma jovem e talentosa atriz, integrante durante certo tempo de grupos
de teatro e peças elogiadas no Brasil, que resolveu tentar a sorte nos Estados
Unidos no fim da década de 80. Aguardou ser aceita na Columbia University, e
enquanto isso fez muitos cursos que a ajudassem a crescer como intérprete e
artista, como castanhola e canto, por exemplo. Frustrada pelas poucas chances
recebidas retorna para casa, para o conforto dos braços de sua mãe e o sorriso
de sua irmã 13 anos mais jovem. Quando retorna a Nova York, Elena é acompanhada
pelas duas.
A
diretora estreante Petra Costa é a caçula. Ela é a narradora, a voz que conecta
as imagens de arquivo e remonta uma tragédia que, ao longo de mais de vinte
anos, doeu, sangrou, virou lembrança, depois água, mas não escorreu pelo ralo.
Petra retornou à América para construir Elena,
um documentário extremamente tocante sobre o poder que as memórias têm de
remontarem a realidade.
Durante
todo o longa, durante a exibição de imagens da infância das irmãs ou das
andanças de Petra por Nova York, a diretora fala com Elena, como em uma carta. “Minha
prima me disse que se eu quisesse, eu poderia falar com você. Que você estaria
invisível, mas que me escutaria.”, ela diz em certo momento. Petra narra a vida
de sua irmã para a própria Elena, como se ela estivesse do lado de cá da tela,
entrecortando tudo com imagens nas quais estuda suas lembranças ao lado da mãe,
e seus olhos distantes são de destruir o coração de qualquer um.
Elena
é um filme muito pessoal. Alguns podem reclamar da exposição, podem falar que
Petra Costa transformou a tragédia de sua família em espetáculo, em mercado,
mas eu não penso assim. A dor não é espetáculo aqui, não parece ser essa a
intenção da cineasta que, com sinceridade, exorciza seus demônios através da
narrativa e do som de sua voz doce e baixa, e apresenta sua linda irmã, uma
personagem trágica, mas fascinante, para o mundo.
A
diretora não tem medo de ir e vir no tempo. Não constrói sua narrativa através
de uma ordem cronológica, mas de fades
que ilustram as elipses e viagens, em pensamentos e lembranças que se seguem
enquanto Petra tenta dimensionar a dor da tragédia e o amor pela irmã.
Ao
terminarmos de assistir a esse mosaico emocionante de imagens e vozes, ao som
da bela e adequada “Dedicated to the One I Love”, podemos dizer que ela
conseguiu, dando à luz, assim, a um dos mais belos e dolorosos (e doloridos)
filmes a estrearem por aqui em 2013.
Elena,
Petra Costa, 2012
1 comment:
nem lembrava do que se tratava. nao tinha chamaod muita atenção, mas parece ser interessante
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